Souro Pires tem o seu próprio nome como atestado de um riquíssimo passado
O topónimo representa um nome medieval completo, com nome próprio e patronímico. Soeiro Peres, como se escrevia por volta do século XIII, terá sido um senhor do território da actual freguesia, que pode ser identificado como um de dois importantes nobres locais: Soeiro Peres “de Escacha”, da estirpe dos “da Silva” (século XII) ou Soeiro Peres “de Távora”, de uma época posterior, sendo que ainda hoje existe na freguesia um solar torreado com aquele nome.
No século XV, isto seguindo sempre a documentação oficial, existiu também na povoação uma coutada da família dos Coutinhos (Marialvas), o que mais uma vez vem comprovar as tradições nobiliárquicas da povoação. Da mesma época é igualmente – e aqui entramos no património edificado de Souro Pires – o paço do mesmo nome, atribuído aos Távoras
É uma das mais espectaculares casas senhoriais do concelho de Pinhel, classificada como monumento nacional. Mandado edificar no século XV por D. Soei-ro Pires de Távora, quase se assemelha a uma fortaleza, com o seu corpo central em granito maciço (do qual saem algumas janelas maineladas em mármore rodeadas de florões e ornatos lavrados) e os dois torreões laterais
Num destes torreões, encontra-se a capela, com um portal simples de arco de volta inteira. Conserva ainda no seu interior uma imagem de pedra quinhentista, em madeira, que representa a Senhora da Esperança
Diz-se que foi erguido pelos Távoras, embora não haja certezas que o confirmem.
Sabe-se, isso sim, e voltamos aqui à história da freguesia, que depois da morte do último conde de Marialva, D. Francisco Coutinho, o infante D. Fernando passou a ser o senhor do conde de Ervilhão.
A paróquia de Souro Pires, instituída em data relativamente recente (durante a idade moderna), foi uma abadia do padroado real. No século XVIII, o abade era apresentado pela coroa e tinha cerca de 250 mil réis de renda anual.